sábado, 29 de dezembro de 2012

O olhar do cancro

Não sei porquê é que me deu para ficar com o teu olhar do cancro no pensamentos. Tens tantos outros: o de quando te ris e os teus olhos brilham como se fossem chorar, o de quando estás aluada, no mundo que é só teu e de mais ninguém. Ou até o de quando estás triste e tentas esconder a tristeza em atitudes. De todos eles, só vejo o olhar do cancro: doente, cansado, exausto. Com poucas forças para lutar. Queria-te dar o meu, de esperança, mas ao olhar para ti, eu própria fico sem saber como olhar para ti.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pessoas corroídas

   Sinto-me corroída e és tu quem me corrói. Tu e as tuas imensas faces que não consigo decorar e muito menos lidar. Elas caem-me como ácido,cada uma delas cria em mim uma reacção química. 
  Procuro sempre uma maneira de me acalmar e de me auto-convencer que daqui a nada serás alguém com quem eu saberei ligar, e que nos vamos dar bem. Pergunto e não respondes, falo e não ouves, desligas de mim quando não te interessam os temas das minhas falas.Pedes para me calar. 
   Mas a verdade é que as questões que coloco, as duvidas que tenho, o que te quero dizer , fica sempre por dizer. Só queres ouvir o que te agrada, e eu nem sempre te posso agradar.
   Desculpa, mas eu cresci, e tu não queres ver isso. O tempo corroeu-me tal como fez contigo. Somos duas pessoas corroìdas e só tu não o vês.
   Dá-me liberdade e deixa-me ir.